15 junho 2007

08. A descoberta de El Faro - década de 50

Parte7… Num dia qualquer pela manhã, como sempre ocorria quando o mar estava bom, Lobo e Tuco, caminhavam lado a lado, com suas pranchas sob o braço, em direção à Praia Grande. Atravessaram a poeirenta Beira-Mar, e pararam sobre a calçada recém construída junto à areia. Enquanto olhavam para a arrebentação, Vito estacionou a furgoneta e juntou-se a eles. A cena que observavam era meio desanimadora. Vários garotos, com suas Madeirites, tentavam aprender a deslizar nas perfeitas e pequenas ondulações verdes que quebravam no line up. Tuco olhou para eles e desferiu uma frase mágica – Porque a gente não vai para outro lugar? - Sempre ouvi dizer que no Farol o mar é bem forte, talvez existam boas ondas por lá! Os olhares se cruzaram e um sorriso tomou conta do rosto de cada um deles. Nunca tinham pensado naquela possibilidade. Os caras não conheciam muita coisa além da Praia Grande, e a Praia das Pombas onde tudo começou, era só uma lembrança. A dificuldade de carregar as pranchas (não tinham carros) e o desempenho delas até então, não exigiam nada melhor do que as ondas da Praia Grande, talvez por isso, nunca cogitaram ir a outros lugares até aquele dia. E foi assim que aconteceu a primeira barca na história de Wavetoon. Logo eles estavam na estrada, ou melhor, num caminho, pois para o norte, naquela época, não existiam estradas, apenas trilhas de carroças e picadas abertas a facão. Rumo ao desconhecido, e excitados com a possibilidade de novos achados, eles foram contornando a costa da ilha, por caminhos sinuosos, descobrindo recantos e lugares lindos, que estavam tão perto, e que eles jamais cogitaram. Cruzaram toda a baía que liga a Praia dos Amores ao cabo do Farol. Ao se aproximarem do seu objetivo final, tiveram que parar. Dali para frente, a furgoneta do Vito ou qualquer outro carro, jamais conseguiria passar. A ponta da torre branca do farol estava logo ali, quase ao alcance da mão, mas entre ela e os rapazes havia uma duna enorme. Movidos pelo instinto que atrai qualquer surfista em direção ao mar, eles saltaram do carro e começaram a subir correndo a enorme montanha de areia. Os três carregavam consigo, a intuição que por trás daquele obstáculo estaria o paraíso. Cada passo pesado contra a gravidade, naquele solo movediço, aumentava a expectativa. O coração pulava no peito e o ar começava a faltar. O primeiro a chegar ao topo foi Vito. Ofegante e exausto e apontando para o mar, com seu último alento conseguiu gritar em espanhol antes de cair sentado na areia -MIRA...EN EL FARO!!! Nesse momento Tuco e Lobo também chegavam ao topo, e olhando na direção do farol não acreditaram no que viam... Uma série de linhas paralelas, moviam- se ordenadamente em direção a ponta do farol, a primeira delas tocada de leve pela brisa da terra, despejou a crista para frente, fazendo-a correr pra a esquerda em relação aos garotos, de uma maneira tão perfeita que parecia ser puxada por um fio...pela mão de uma entidade invisível...segue


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