22 fevereiro 2008

ZEN+SURF. Monja Isshin chega em Wavetoon.

Chegou ontem a Wavetoon a Monja Isshin, uma grande propagadora do Soto Zen Budismo, para falar aos nativos da ilha sobre o Zen e a Meditação para surfistas. A visita da monja tem o objetivo de dar inicio a uma nova Sanga em Wavetoon e à futura formação de um Centro Zen na ilha. A monja fará varias palestras por aqui e nos ensinará a prática do zazen (meditação zen). A galera compareceu em peso para ouvir a simpática e carismática monja, que pela manhã surfou um mar clássico no pier, acompanhada por Raica, Kadu e Lambari, seus anfitriões na ilha. Durante a palestra ela falou das suas percepções sobre a arte de deslizar nas ondas e fez maravilhosas metáforas de como aprender com o surf, a andar no fluxo, a fluir na vida.
Abaixo segue parte de seu depoimento.

“É uma maravilha sentir a força da água, a corrente levando a gente. É uma grande aprendizagem perceber a resistência no corpo, o medo de entregar-se - de deixar-se ser levado. No começo, agarrava a prancha com força total… Mas que maravilha a sensação de liberdade, ao relaxar o corpo e começar a tornar-me uno com a prancha e a água! E como é forte a descoberta que, soltando o corpo, entregando o peso para a prancha (e a água) é quando a gente passa a ter a maior estabilidade. Com maior estabilidade (o corpo solto e entregue), descobri que tinha mais espaço até para manobrar a prancha, exercendo o meu ‘livre arbítrio’, dentro da minha limitadíssima capacidade!
Descobri que não precisava ter medo de cair na água - que a água me acolhia até com uma certa suavidade quando tombava da prancha (ou seja, toda vez que tentava ficar em pé nela…). Também ficou clara a necessidade de manter a plena atenção, pois era necessário cuidar para não cair de cabeça e arriscar batê-la no fundo do oceano - que, nestas alturas, estava bastante próximo… Também era importante proteger a cabeça na hora de voltar à superfície depois de cair na água - evitando o risco de batê-la na prancha.
E não é a mesma coisa com a vida? Quanta resistência fazemos! Como sofremos de medo de nos entregar, de nos deixar ser levados pela grande corrente da vida! Que batalha que é para aprender a nos soltar - soltar o espírito, soltar a mente, abrir mão da tentativa de controlar tudo - abrir mão da rigidez, das opiniões, da falsa segurança daquela ‘zona de conforto’, do conforto do conhecido e da familiaridade .
Mas foi somente ao relaxar o corpo que pude perceber que estava segura na mão da água. E é somente ao relaxar o ‘espírito’, como em zazen, onde abrimos mão dos pensamentos, que podemos perceber que estamos seguros na mão do sagrado - que somos parte integrante dessa mão - nunca fomos separados dela. E é justamente na hora em que conseguimos nos entregar ao sagrado, deixando que a grande correnteza da vida se manifeste, que ganhamos o espaço para exercitar o nosso livre arbítrio, manobrando as nossas ‘pranchas’, aproveitando o máximo que podemos da onda que nos leva até a ‘praia’.
Enquanto resistimos, tentando ir contra a correnteza, as ondas vão-nos esmagar, mas, ao soltarmos, podemos nos divertir bastante durante a nossa jornada - surfando as ondas da vida. Podemos descobrir que errar não precisa ser o fim do mundo - pois não somente estamos sendo carregados nas mãos do universo, somos uma parte integrante do próprio universo, inseperáveis.”

Para saber mais sobre a Monja Isshin clique em http://monjaisshin.wordpress.com/about/

Um comentário:

Anônimo disse...

Tora e George,

Demais esse texto, sintonia total com tudo que é vivo! Tava precisando de umas palavras dessa mesmo.. hehe!

Vou postar lá no blog, com link pra cá! É isso ae brothers..

peace
Thiago Dorta