05 setembro 2007

Um esporte real.

Jeff amanhecendo em Uiaquiqui

“ Sem duvida a gente se sente microscopicamente pequeno, e o simples pensamento de lutar corpo a corpo com este mar desperta um arrepio de apreensão, provoca medo. Sim, porque estes monstros enormes tem um quilômetro de extensão, pesam toneladas e deslizam em direção à praia mais depressa do que um homem pode correr. Qual a chance? Não há chance alguma, é o veredicto do ego acovardado; e a gente senta, olha, ouve e conclui que o melhor lugar para se estar é na grama e à sombra.
E, de repente, enquanto a onda enorme ergue-se para o céu e rola na direção da praia, elevando-se como um deus do mar, quebrando e começando a espumar numa extremidade, no ponto em que ainda está precariamente intacta surge a cabeça escura de um homem. Rápido, ele se ergue sobre o branco espumante da crista. Seus ombros morenos, o peito, os braços, os quadris, as pernas - tudo se projeta para cima, como uma visão. Onde segundos antes havia apenas uma parede de água gigantesca e um terrificante troar está um homem, ereto, em toda sua altura; ele não se debate freneticamente naquela situação selvagem, não é sepultado e esmagado pelo monstro poderoso, mas, sim, se mantém de pé em cima dele, calmo, soberbo, firme sobre o vertiginoso ápice, os pés ocultos pela espuma que começa a se formar, a névoa salgada subindo-lhe até os joelhos e todo resto dele livre no ar, brilhando ao sol, voando rápido como a onda que o transporta...”


Esta é uma das primeiras descrições do surf para o mundo ocidental. Foi feita em 1907 por Jack London no seu Livro A Travessia do Snark.

2 comentários:

Anônimo disse...

Esse post quebrou a vala, galera!
Abraços,
Gustavo

Kadu disse...

Obrigado pela visita Gustavo. Realmente este relato é impressionante. E o mais impressionante é que o Jack London, sua esposa e um amigo, foram da California ao Hawaii sem saber velejar muito bem. Desta aventura nasceu o livro A Travessia do Snark.
abraços
George