
-Você parece feliz em me ver! Falei para ele sorrindo. Pelo jeito ele compreendeu o que eu disse, pois imediatamente saltou sobre mim. Quando consegui tomar consciência da situação, eu estava deitado no chão tendo o rosto lambido pelo carismático labrador.
Ao menos enquanto me babava não estava latindo.
Empurrei o bicho, levantei, sacudi a areia e iniciei um cafuné nas suas orelhas tentando consolidar nossa precoce amizade. Observando de perto, ele parecia mal tratado. O pêlo estava cheio de carrapichos, tinha uma ferida aberta na perna e era muito magro. Apesar de tudo demonstrava um bom humor fantástico que imediatamente conquistou a minha simpatia. Rato de praia! Pensei.
Saímos caminhando lado a lado. Na trilha que agora começava a descer levemente, o mato se fechava em forma de um túnel verde quase na altura da minha cabeça. Não sabia muito bem para onde estávamos indo, mas pressentia que era em direção à praia. Embora não fizesse nenhum sentido, racionalmente pensando, eu me sentia bem mais protegido com o Rato ao meu lado. Foi assim que comecei a chamá-lo.
A trilha fez um curva para o sul e o Rato saiu correndo em direção à luz. Desapareceu do meu campo de visão. Tínhamos chegado ao fim do caminho. Permaneci prudentemente dentro do túnel verde tentando não ser visto pelas garotas. De onde me encontrava, eu tinha apenas uma visão parcial da areia e assim, cheio de cautela, fui me aproximando da saída. Uma panorâmica abriu-se para mim. Jamais esquecerei a primeira vez que vi aquela linda e minúscula baía com areias claras e um fundo de seixos brancos. Contei sete linhas de águas turmalina azul, transparentes e paralelas, contornarem o canto sul e virem desenrolando a crista uma à uma, modeladas pelo terral com extrema perfeição, até a beira da praia...continua
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